sexta-feira, setembro 09, 2005

O cavaleiro negro

O cavalo já cavalgava a alguns dias. Não menos que três, não mais que cinco. Em seu dorso, estatelado, o cavaleiro. Estava vivo, porém ferido, e dormia. Um golpe de maça que fraturou seu braço esquerdo. Uma flecha que atingiu seu ombro direito. A espada guardada na bainha presa às costas. O escudo estilhaçado a quilômetros dali pela maça de seu último oponente que, a essa hora, era bicado por abutres.

Era soberano, não servia a nenhum senhor. Seu pai foi o único a quem deveu lealdade. Com sua morte, tornou-se um mercenário. Lutava por ouro e prata. Mas lutava pela batalha em si. "Não se pergunta por que os campos queimam ou por que uma peste se alastra, então não me pergunte por que eu luto", disse uma vez a um guerreiro.

Vivia pela luta. Vivia de luto. Era um cavaleiro só. O cavaleiro negro.

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