quarta-feira, novembro 01, 2006

Dia do Diabo

Faço cubos boa parte do tempo e no encubado Poema de Sete Faces tem um diabo na última face. Não é um diabo, mas, de fato, tem diabo lá. E o que é fato também é que em diabo, tem dia.

terça-feira, junho 06, 2006

O que é pior

Tem coisa pior do que tentar conter lágrimas?

Tem. Tentar conter lágrimas numa sala cheia de pessoas estranhas e não poder sair.

terça-feira, maio 09, 2006

Acabou...

Eu ansiava os sábados. Eram os dias que ia jogar. Eu ansiava tanto os sábados que o meu desespero era quando chegava o sábado e chovia. Quando o campo ficava todo enlameado e não se podia jogar. Eu ansiava por jogar. Só jogar.

Onde está essa ânsia? Essa gana. Essa vontade de querer acordar às cinco horas da madrugada para fazer o que tanto se deseja. Com tanta paixão. Onde está essa paixão?

Eu não jogo mais. Não posso. Estou velho para isso. E agora? Minha vida acabou?

Desilusão

Num momento de tédio você não tem o que fazer, você procura o que fazer. Você não tem o que fazer, mas quer fazer alguma coisa. Mas eu tenho que terminar essa porra! Mas agora eu não quero fazer essa porra! O tédio pode vir num momento de desilusão. Quando se queria fazer alguma coisa e agora não se quer mais ou se queria fazer alguma coisa e agora não se consegue faze mais. Vou voltar a fazer a minha porra! Senão nem mais essa porra poderei continuar fazendo!

sexta-feira, abril 07, 2006

O mal da estupidez

Há um abismo de diferença entre o estúpido e o ignorante. Este, a luz da sapiência o salva das trevas. Já o estúpido... simplesmente se recusa a sair da escuridão.

quinta-feira, março 30, 2006

Porque é difícil estar errado

Porque não sou mais mera província ou departamento. Sou estado da federação. Ou melhor, unidade da confederação.

Olhos, vejam! Olhos invejam...

Há um certo par de espiões que desejo muito furar...

Eu não sou igual a todos ou todos são diferente de mim?

quarta-feira, março 29, 2006

Um cansar olhado

Um aprofundar suspirado

Um pensar embaralhado,

Impensar premeditado...

sexta-feira, março 17, 2006

Aqui

Não estava bem antes. Não estava bem amanhã. Mas estou bem agora.

quinta-feira, março 09, 2006

A guerra é letal demais para se meter nela sem armadura. Por isso não há outro resultado - senão muito sangue - quando se mete a besta de guerrear nu.

Maravilhas do Português

Na Língua Portuguesa, há o verbo ser e há o verbo estar. O que não acontece, por exemplo, nas Línguas Inglesa e Francesa. E isso é maravilhoso.

Porque eu posso dizer que não sou sozinho, mesmo quando estiver sozinho. E posso dizer que sou sozinho, mesmo quando estiver junto de uma multidão.

quarta-feira, março 08, 2006

Abismos

Se digo que amo, mas machuco, na verdade deveria dizer que odeio.

Se sinto falta, mas não faço nada, na verdade não sinto nada.

Se posso, mas não quero, não quero mesmo.

Se quero, mas não posso, sou um infeliz.

O que importa

As manifestações têm que ser livres. Assim são autênticas. Os sentimentos têm que ser demonstrados. Assim são manifestados. O que é manifestado é o que existe. O que existe é o que importa.

sexta-feira, março 03, 2006

Triste, de tristeza, só

Triste, por temer

Uma existência vã

Mas são todas vãs...

segunda-feira, fevereiro 20, 2006

Antes de arrancar...

A flecha que me enterrou, ainda vou me flagelar mais.

O perdedor

"Nunca conheci quem tivesse levado porrada. Todos os meus conhecidos têm sido campeões em tudo. (...) Toda a gente que eu conheço e que fala comigo Nunca teve um ato ridículo, nunca sofreu enxovalho, Nunca foi senão príncipe - todos eles príncipes - na vida... (...)"

- Poema em linha reta, Fernando Pessoa

- Sim, é só você!

"Então sou só eu que é vil e errôneo nesta terra? (...) Eu, que venho sido vil, literalmente vil, Vil no sentido mesquinho e infame da vileza."

- Poema em linha reta, Fernando Pessoa

De coração na mão

" (...) Mas eu falei sem pensar. Coração na mão, como refrão de bolero, Eu fui sincero como não se pode ser.

Um erro assim tão vulgar nos persegue a noite inteira e, quando acaba a bebedeira, ele consegue nos achar. (...)"

- Refrão de Bolero, H. Gessinger

terça-feira, fevereiro 14, 2006

Para viver em paz

"(...) Eu que já não sou assim Muito de ganhar Junto as mãos ao meu redor Faço o melhor que sou capaz Só para viver em paz."

- O Vencedor, Marcelo Camello

À prova

- Lute comigo senão eu te mato!

Vejo fúria em seus olhos. Vejo o reflexo de sua espada brandida ao ar. Ele avança sobre mim. Meu impulso é matá-lo.

Mas fico impassível. Não lutarei com ele. Não o matarei. Isso não traria ganho nenhum para mim, já aprendi isso.

Ele me golpeia no peito. Minha armadura é perfurada. A lâmina atinge minha pele e meu sangue escorre. Mas continuo impassível.

E o branco fica perplexo...

quinta-feira, fevereiro 09, 2006

Atenção à tensão

Atenção! Tem que haver a tensão para haver atenção! A tensão!

Programação neurolinguística

Eu tenho que falar foda-se, eu tenho que falar foda-se, eu tenho que falar foda-se, eu tenho que falar foda-se, eu tenho que falar foda-se, eu tenho que falar foda-se, eu tenho que falar foda-se, eu tenho que falar foda-se, eu tenho que falar foda-se, eu tenho que falar foda-se, eu tenho que falar foda-se, eu tenho que falar foda-se, eu tenho que falar foda-se, eu tenho que falar foda-se, eu tenho que falar foda-se...

sexta-feira, janeiro 27, 2006

Aos melhores do mundo

- Eu saia correndo atrás do carro quando escutava a sirene tocando. Desde criança, sonhava em ser bombeiro. Graças à Deus, eu consegui me preparar e entrar para a corporação. Minha vida está realizada!

Ele jogava futebol todos os dias, na rua quando era moleque, nas várzeas, quando um pouco mais crescido. Desde sempre sonhava em ser jogador de futebol. Aos dezesseis anos optou por prosseguir com os estudos. Percebera que não teria chance alguma em se tornar profissional.

- A população pode se orgulhar em possuir um dos três melhores Corpo de Bombeiros do mundo. Não devemos nada com relação aos bombeiros dos demais países!

Estava em seu carro, no trânsito da cidade, a caminho do escritório. Escutava o noticiário. E deixava rolar uma lágrima pelo rosto.

quinta-feira, janeiro 26, 2006

Caminhada

Caminha pelas ruas das memórias de infância. Pára ao lado de um bar, um boteco. Vê os abdômens dos bebuns encostados no balcão, e os copos de aguardente levados à boca. Sente um nó no abdômen, uma vontade de chorar. Senta no chão. Contempla o estabelecimento e deseja correr para bem longe... para o início do passado.

Pesadelo de cravo

Barba por fazer há alguns dias. Acorda mais ou menos cedo, toma banho e faz a barba. Vem para o trabalho, toma café e senta à sua mesa. Liga as coisas e reflete. Enquanto pensa na vida, a cara é escarafunchada e os cravos são arremessados longe...

sexta-feira, janeiro 20, 2006

"Sinto muito blues"

"(...) se meu passado fosse outro.. se fosse outro o presente... se o futuro nos trouxesse o que faltava antigamente eu cantaria as canções que se fazia de repente sacro sino compunha minha sina, tua unha carne, sangue & pus (...)"

- Pampa no walkman, H. Gessinger

Idéia

Acho que eu devia largar mão de ser idiota e aproveitar que por enquanto estou com tempo livre para descansar.

quinta-feira, janeiro 19, 2006

Estranha atmosfera

Os subterrâneos estão testemunhando o sórdido. E das frestas dos porões está exalando um cheiro de carniça queimada.

O ar está nauseabundo. Sinal de que preciso ser cauteloso daqui em diante.

terça-feira, janeiro 17, 2006

Até quando estourar

Estou pagando meus pecados.

Estou deixando o cabelo crescer.

Estou trabalhando longe demais de casa.

Estou lendo Dostoiévisk, Carlos Drummond de Andrade e a Bíblia.

Estou namorando a mulher mais bonita do mundo.

Estou respirando... até quando?

Dia azul marinho

O dia estava azul, continuação da noite anterior, também azul.

Mas o dia escureceu. Havia um gosto de carne mal digerida no estômago que sucedeu o encontro com fantasma nem recente e nem antigo. Ao fim da noite azul, bem após o início do mesmo dia azul, ela apareceu. Disse que estava bem, que sua barriga era fruto de muita comida, e me preparou um prato de comida.

Mas eu sabia que onde ela estava comida não dava barriga. Aliás, nada dava barriga. Fica-se do mesmo jeito sempre, ou fica-se como eu quiser. Por que então a forma de uma mulher grávida?

Na noite azul anterior eu havia encontrado uma mulher grávida. Foi isso que pensei. Mas não pensei nela. Por que ela veio então? Para me dizer algo? Só para me dizer que estava bem?

Como das outras vezes, não estava assustado. Mas como das outras vezes, estava atrasado. E talvez por isso o dia escureceu, e talvez também porque as coisas não estão bem para onde vou.

quarta-feira, janeiro 04, 2006

Lúcifer Jean

Tinha que ir embora. Não sabia porque, não sabia de onde, não sabia para onde. Estava num fusca. Não gosto de fuscas, nunca consegui dirigir direito, mas foi com ele que saí.

O carro obedecia mais meus pensamentos do que meus pisões nos pedais. Pegou velocidade rápido. Virei numa esquina e desci a ladeira. Alguém atravessava a rua.

- Vai cara feia! Pega ele!

Não sei de onde veio essa voz, mas tive a sensação de descobrir a razão da minha fuga. O cara feia pulou no capô. Quis frear, quis acelerar. Nada. O carro não tinha pedais e nem mais obedecia meus pensamentos.

A cara feia apareceu no pára-brisa. Um morto-vivo, um zumbi, um mendigo, sei lá. Mas me era familiar. Um personagem da infância. Lúcifer Jean!

Ele gritou. E eu também. Só parei quando acordei.