terça-feira, dezembro 27, 2005

Vitória definitiva

- Os cavaleiros brancos tomavam conhecimento de parte de teu passado e, por se acharem paladinos da Justiça, desejavam, então, matar-te. E ficavam mais alvoroçados, principalmente, quando descobriam também que eras um guerreiro de altíssimo nível. Provocavam-te. Aproveitavam-se que foste mercenário para depreciar-te.

"Eles nunca tiveram nada a perder. Pelo contrário, às vezes julgavam-se lesados, por ti ou por qualquer outro, e buscavam no duelo restaurar alguma condição anterior. No mínimo, queriam ficar com a fama de ter derrotado o lendário Cavaleiro Negro das Florestas Orientais. Entretanto, meu filho, tu és e sempre foste guerreiro de alta estirpe e tens algo que todo cavaleiro deveria ter, mas que nem todos têm, principalmente estes brancos. Um bom coração. Mas apenas te depreciavas pelejando com estes desonrados."

"O sangue derramado nunca foi o teu, mas as derrotas sempre foram tuas. Pois a luta contra ti era a vitória para eles, e vencê-los, nunca trouxe mérito nenhum para ti. Por isso que apenas agora obtiveste vitória genuína. Pois recusaste as provocações deste último cavaleiro branco!"

O jovem estava sentado à mesa, em frente ao ancião que lhe falava. Olhava fixamente para ele, seu velho mestre, educador e mentor militar, e velho amigo de seu pai, que também conhecia toda sua trágica história, e escutava suas palavras atentamente.

- Não te esqueças! A única vitória que perdura é aquela obtida contra a própria ignorância! Tu vales não pelo que carregas no corpo, mas sim pelo que carregas na alma!

terça-feira, dezembro 20, 2005

?

Quantas vezes se pensa que às vezes se pensa demais?

Demenos

Meu bom humor.

Nunca é demais mesmo!

E os fins de semanas estão bons demais para suportar esses dias para lá de modorrentos!

Nunca é demais

Óleo demais para o fígado, sono demais para acordar, trânsito demais para o horário, burocratas demais para o Estado, porra! é rodízio, não sai cedo demais, mas cheguei atrasado demais para hoje, e por hoje já é demais, já é demais para o ano!

Bom dia!

Ele vê suas olheiras de sono, sua barba por fazer, seus cabelos em guerra com o pente, seu jeans e camiseta informais demais para a norma. Deve pensar, tsc, tsc, tsc... Essa cara bonitinha, esse cabelo cortadinho, bigodinho perfeitinho, essa camisa engomadinha. Experimenta morar no subúrbio, acordar antes das galinhas e atravessar uma metrópole inteira para vir trabalhar, seu almofadinha!

- Bom dia!

- Vai tomar no seu cu!

segunda-feira, dezembro 19, 2005

Sem misericórdia

- Eu sou uma pessoa boa, sou sim, mas cometi alguns erros, fiz muito mal, preciso de perdão, preciso me perdoar...

- ...

- Não matei ninguém, não roubei ninguém, não agredi ninguém, mas me sinto um bandido, um vilão, o pior dos criminosos...

- ...

- Eu me arrependo, mas a culpa não se arrevesa de mim...

- ...

terça-feira, dezembro 13, 2005

Contraparte

Não tinha uma barba como a sua, mas os cabelos eram compridos, apesar de serem negros. Os olhos eram pequenos, pareciam rasgados nos lados. E a pele morena, não tão morena como a dos mouros, mas não era pálida como a sua.

Tinha espada e armadura também, mas nunca vira umas iguais àquelas antes. E usava um tipo exótico de saia, bem diferente das dos bretões do norte.

Que tipo de guerreiro era aquele? O que fazia ali? A figura também o encarava com a mesma perplexidade. Instintivamente, e ao mesmo tempo, seguraram no cabo da espada.

sexta-feira, dezembro 09, 2005

Mocinhos

Moça, não sou bom moço. Pois se desperta o mau, verás um monstro.

quinta-feira, dezembro 08, 2005

Fora dos planos

Não planejo minha morte, mas morrerei planejando. Ou executando. Planejando e executando, um seguido do outro.

Sanguinolência

Sinto ânsias, quero vomitar, mas não me deixam. Querem o meu sangue.

E isso me faz querer sangue!

segunda-feira, dezembro 05, 2005

"Se queres paz, prepara-te para a guerra"

- Não me interessa o quanto ele pode me pagar! Não sou mais mercenário!

- Cavaleiro, sua fama é lendária. Meu senhor quer empreender uma guerra que estará à altura de magnífico guerreiro. E ele faz questão de ter os melhores em suas fileiras!

Voltara a sentir o coração palpitar e a ter motivos para gostar de estar vivo e, justo agora, a guerra o reclamava. Havia encontrado a paz e não queria deixá-la escapar de suas mãos.

- Diga a seu senhor que não lutarei guerra nenhuma!

- Cavaleiro, não entendo sua recusa. Nem meu senhor entenderá. Decerto, ele não deixará por menos tamanha desfeita.

Deu as costas e deixou-o com as moscas. Em outros tempos, teria aceitado a oferta para lutar ou teria decepado tal insolente. Só o amor consegue amansar o mais bruto dos corações.

O que mais queria era largar sua armadura e espada ali mesmo. Porém, nunca como antes, segurou tão firme o cabo de sua espada embainhada.

segunda-feira, novembro 28, 2005

Sina incompreendida

Mesmo fazendo o que era certo, o bem, fez o mal. Não importa os fins, é o meio que determina a culpa ou a inocência. E mesmo com a consciência limpa e tranquila, o Tribunal lhe considerou culpado. Foi punido.

Essa acabou tornando-se sua sina. Toda vez que faz o bem, que sua consciência não o recrimina, acaba fazendo mal. É punido, é rejeitado e o que fica é o gosto amargo da incompreensão no meio da goela.

quinta-feira, novembro 24, 2005

O que é o amor?

Amo aquilo sem o qual não vivo. Mas não amo o ar, a água, o calor. Não amo a comida.

Quem amo, um dia, não estará mais aqui. E terei que continuar vivendo por aí.

Não sei o que é o amor.

Infinito = nulo

Existo porque tenho fim. Um dia não existirei mais. Não direi "eu existi", mas dirão "ele existiu". E o que não tem fim? Quem dirá que existiu?

Deus?

O Universo é infinito, no entanto você ocupa um lugar no espaço. Um sobre infinito resulta em número real. E infinito sobre um?

terça-feira, novembro 22, 2005

... mas não falei

Queria falar do entorpecedor odor das rosas vermelhas, e da minha recém-obsessão por rimas e pela bela poesia. Queria falar do belo, da beleza da minha bela. Queria falar de alegria...

Cochilo

Estava numa sala de aula. Assistia a uma palestra de um doutor em sei-lá-o-quê. Era um congresso de alta patente, pois a maioria dos ouvintes também eram mestres ou doutores.

Cochilou. Não sabia se o assunto era interessante. Estava com muito sono.

- Ei, psiu! Acorde! O professor não gosta que cochilem em suas palestras! Sussurrou uma voz ao seu lado.

Despertou. Olhou na direção de onde vinha voz. Era um macaco! Sua estatura era de um humano, estava vestido de terno e estava sentado ao seu lado. Mas era um macaco! Um chimpanzé, salvo algum engano.

"Será que estou sonhando?"

E estava. Despertou novamente. Estava sentado no vaso do banheiro do escritório.

Olhou o relógio. Cinco minutos deviam ter se passado.

NEXT ERRORLEVEL

Os erros dos outros são dos outros, toleráveis. Os meus, imperdoáveis. Não posso errar, nunca pude. No entanto...

sexta-feira, novembro 18, 2005

Tudo é passageiro

Bastou a estranheza pela calmaria, pela leveza da alma e pela paz no coração. Bastou me esforçar um pouquinho para desconfiar de tanta bonança. Que descobri motivos para entristecer.

Sou passageiro aqui.

Inédito encontro

- Pensei que só iria encontrar-te morto! Será que me acostumarei contigo?

Ela apenas sorriu. O cavaleiro sorriu também. Lembrou-se que ainda empunhava sua espada e baixou a cabeça.

- Não desejo mais lutar. Sinto que essa espada me será inútil. Mas não consigo largá-la!

O sorriso continuou em seus lábios. Ele soergueu um pouco a cabeça e a encarou.

- Quero tocar-te, abraçar-te! Mas a armadura...

Uma vida inteira de lutas. Uma vida inteira em guerra. A vida inteira se preparando para a próxima batalha. O corpo treinado para atacar e ser atacado, suportar o peso das armas e armaduras e a dor da vitória de cada batalha. Como seria o fim de uma vida assim?

Com a paz. A vida do guerreiro termina quando seu coração é pacificado. O coração pode encontrar a paz quando morto ou quando não houver mais dor para suportar.

O fim da guerra é a paz. Ou é um par de olhos verdes que sorri com ternura para o coração.

sexta-feira, novembro 11, 2005

Combatendo o mal

"O terror e todo o sofrimento decorrente é a finalidade do mal. Elimina-se o medo e o mal perde o sentido." - anônimo

quinta-feira, novembro 10, 2005

Batalhas que não se adiam

Cavalgava na floresta por uma trilha. Divagava com o silencioso barulho da mata e filosofava sobre sua vida consigo mesmo. De súbito, algo o fez emergir de si.

Um ataque ao flanco do alto de uma árvore. Conteve a espada atacante com o escudo, mas foi derrubado do cavalo.

Reconheceu o agressor. O mesmo que fora atingido por sua misericórdia e mantido vivo após a derrota no último combate. O assecla do terrível monstro corrompedor de mente e corações.

quarta-feira, novembro 09, 2005

Inédita bonança

A demasiada tormenta acabou. O céu é de brigadeiro. O mar, azul e calmíssimo. Os ventos correndo na direção certa - a direção certa escolhida pelo capitão. E os marujos continuam inquietos...

sexta-feira, novembro 04, 2005

O primeiro cavaleiro branco

- Pare!

Os gritos frenéticos de sua mãe o levaram aos aposentos de seus pais. O pai agredindo a mãe foi a cena com que havia se deparado.

- Pare! Está ensandecido!

- Vou matar essa vadia!

- Não! E se lançou contra o pai.

Rolaram pelo chão. O pai o agarrou e o atirou contra a parede. Era um homem grande e forte, conseguiu lançar seu filho, no auge da forma física, com extrema facilidade.

O pai voltou-se à mãe. Chutando-a, agora. Os gritos cessaram.

O filho levantou-se, e novamente atirou-se contra o pai.

- Suplico-lhe, meu pai, pare!

O pai se desvencilhou do empecilho que lhe agarrava o pescoço, lançando-o ao chão. E agora, voltou seus chutes contra ele.

- Garoto, vou lhe ensinar uma lição!

Enquanto recebia os golpes, notou sua mãe inerte no chão. Um desespero lhe tomou. Conseguiu se levantar e com uma força nunca antes reunida, desferiu um soco no nariz do pai, que não suportou a potência do golpe e quedou-se ao chão. Percebendo que o pai não oferecia perigo momentaneamente, correu junto ao corpo da mãe, que estava estendido.

- Mãe! Mãe! Ela não respondia. Estava desacordada. Possivelmente, morta.

Limpado o nariz sangrante, o pai se levantou. E desembainhou sua espada.

- Vou acabar com sua raça! Pegue sua espada, pois vai morrer como um bastardo que é!

...

Acorda. O mesmo pesadelo. A mesma realidade imortalizada no subconsciente. "O que não está no consciente, virando destino".

Seu pai fora o primeiro cavaleiro branco que matou.

quinta-feira, novembro 03, 2005

Mais? não! mas não...

Deveria estar feliz, mas não me sinto... O peito me dói, mas não choro... Começo a escrever, mas não consigo...

terça-feira, novembro 01, 2005

Os piores concorrentes

Não sou poeta. Mas sei que os poetas são os piores concorrentes. Se algum poeta desejar conquistar a sua pretendente, reze. Só Deus poderá tirá-lo de seu caminho.

Um cavaleiro branco

Novamente outro cavaleiro branco em seu caminho.

- Eu não quero lutar com você!

- Mas eu quero!

Todos os cavaleiros brancos do passado foram vencidos. Mas ele nunca foi vencedor. Suas cicatrizes mais doídas, aquelas que doem quando o tempo esfria, foram causadas pelos cavaleiros brancos derrotados que cruzaram o seu caminho. Não quer outra cicatriz.

O branco desce do cavalo e desembainha a espada. Encara-o. Encara-o também. Segura no cabo de sua espada, mas não a empunha. Apenas mantém seu olhar fixo nele.

"Todos heróicos. Todos vítimas. Sempre eu, o vil. O mau. O negro. Sempre vivo. Para viver as dores que eles deveriam sofrer... Chega!"

segunda-feira, outubro 31, 2005

Não como Patton

Como Patton, escrevo versos. E quando passo por campos de batalhas de minhas vidas passadas, algo se passa em mim. Ora nostalgia, ora tristeza. Só tristeza...

Diferente de Patton, não amo a guerra. Faço-a por necessidade. Um guerreiro não por vocação. Mas "por pura falta de opção".

Ainda passo pelos meus campos de batalhas. Propositalmente... Tenho que recolher os estilhaços de mim mesmo que ficaram dos meus passados mortos. Recolho e recomponho. Para estar pronto para uma nova vida. Uma nova guerra.

quarta-feira, outubro 26, 2005

Palavras que importam

As palavras de letras são frias. Já as palavras de voz são mais quentes. No entanto, as palavras de atos são as mais contundentes. Elas queimam, marcam. Podem machucar. Ou podem reconfortar, acalentar, proteger.

O que é dito por atos, pode ser impensado muitas vezes, mas é sempre genuíno. O que é feito, é muito mais confiável do que é falado e do que é escrito.

Palavras são palavras. O conteúdo é mesmo. A forma é o que importa.

terça-feira, outubro 25, 2005

Novo regime

Senhoras e senhores! O recrudecimento, apesar de desagradável, faz-se necessário! Elas não dão o devido valor. Como temos observado, apenas quando perdem, sentem a falta, valorizam aquilo que acabara de escapar entre os dedos...

Não adiantou docilidade. Não adiantou prestabilidade. Elas não querem isso! Choque! Parece que elas só funcionam com choques!

E terão! Declaro em vigor a Lei do Taleban, em alusão ao regime fundamentalista que vigorava no Afeganistão. Agora seremos radicais com as criminosas. Punições severas, pena de morte, para quem não se enquadrar com as novas diretrizes.

Hoje, até a meia-noite, teremos a primeira lista das condenáveis!

sexta-feira, outubro 21, 2005

Dor de cabeça

Bri-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá- tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-t á-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá -tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá- tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-t á-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá -tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá...

Bri-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá- tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-t á-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá -tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá- tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-t á-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá -tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá...

(algum alívio)

Bri-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá- tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-t á-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá -tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá- tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-t á-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá -tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá...

Tum... Tum... Tum... Tum... Tum... Tum... Tum... Tum... Tum... Tum... Tum... Tum... Tum... Tum... Tum... Tum... Tum... Tum... Tum... Tum... Tum... Tum... Tum... Tum... Tum... Tum... Tum... Tum... Tum... Tum... Tum... Tum... Tum... Tum... Tum... Tum... Tum... Tum... Tum... Tum... Tum... Tum... Tum... Tum... Tum... Tum... Tum... Tum... Tum... Tum... Tum... Tum...

(um comprimido de dipirona sódica)

Glup!

Bri-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá- tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-t á-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá -tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá- tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-t á-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá...

quarta-feira, outubro 19, 2005

Alerta

Este era corrompido pelo poder que sempre ambicionou. "O poder corrompe e o poder absoluto corrompe absolutamente", era o que já tinha ouvido em alhures. Deu que cruzou o seu caminho. Não titubeou. Era mais um assecla corrompido pelo monstro terrorista. Jurou liquidá-lo. O monstro e todos os seus seguidores.

Deu-se o feroz combate. O cavaleiro conhecia bem seu oponente. Já travaram pequeno embate no passado. Sabia de suas técnicas e artimanhas. Foi impiedoso. Desferiu um certeiro golpe em sua perna. O assecla bambeou e partiu arrastando-se, na esperança de fugir do golpe fatal.

E fugiu. O cavaleio foi misericordioso. Deixou que escapasse. "Este é tão vítima quanto os que são aterrorizados pelo monstro."

- Ó corrupto! Estarei vigilante! Se abusar do poder de novo, eu não repetirei a dose de compaixão!

Um pouco adiante, do chão, o assecla voltou-se para o cavaleiro. Seus olhos chisparam. E continuou se arrastando.

sexta-feira, outubro 14, 2005

Da produção

Enquanto o sistema excretor produz e lança os dejetos para o sistema de esgoto, outros tipos de dejetos são excretados pelo sistema imaginatório. É um ócio forçado o qual o sistema geral é submetido. As idéias são inevitáveis.

Injustificando

É preciso o ócio para ensejar o pensamento. São nos momentos de ócio que surgem as idéias. Por isso a escassez de letras. Mesmo as impensadas.

segunda-feira, outubro 10, 2005

À procura

Definiu um novo objetivo na vida. Deixar de lutar pela luta em si, e dar sentido a esse dom.

Ouvira rumores sobre a existencia de um monstro que fazia brotar o temor nos corações das pessoas, acovardando-as e submetendo-as a situações de constrangimento. Descobriu, há pouco, que o tal monstro também tinha outras duas habilidades. Uma, a de corromper os homens de almas involuídas e impuras, tornando-os seus asseclas. A outra, a de fabricar alguns de seus asseclas. Todos os seus seguidores têm a função de causar o terror por onde quer que vão, assim como tal monstro faz por onde vai.

Está a caça de um desses asseclas. Jurou acabar com todos os seus seguidores e, por fim, se ainda estiver vivo, liquidar o terrível monstro.

sexta-feira, outubro 07, 2005

Nada

Nada. Às vezes não dá nada. Às vezes nada dá. E muitas vezes nada dá em nada. Nada, nada.

terça-feira, outubro 04, 2005

Rexistindo

Pode até ser que não haja diferença entre existir e não existir. Mas eu existo. Eu resisto.

sexta-feira, setembro 30, 2005

Sem humortolerante

- O que houve? Nariz sangrando?

- É. Cocaína.

- Como?

- Resolvi fazer jus a minha inaptidão em doar sangue. Ontem, cheirei. Na semana passada, fiz tatuagem e fui ao prostíbulo. Na anterior, assaltei um posto e fui preso. Tenho me embriagado todos os dias para ver se tenho uma cirrose e para manter a frequência de uma parceira por dia, falta eu transar com você!

- ...

Apatia

- Fala "ah" pra tia!

Estava na cadeira da minha tia, dentista. Aplicou a anestesia e começou a cirurgia que me deixaria desajuizado. Eu tinha três juízos.

Desde então, não sinto mais nada. Nem dor, nem sentimentos. Só apatia.

quinta-feira, setembro 29, 2005

Sem compaixão

Deixa se arrepender por todas as carícias recusadas todas as intimidades não trocadas todos os orgasmos não explodidos

Deixa se arrepender por todas as crises de ciúme todas as discussões planejadas as desculpas esfarrapadas

Deixa se arrepender... É para isso mesmo que servem os erros.

Des-in-pensando

O chuveiro que não esquenta. O trânsito que não anda. Os espirros que não param. As letras que não saem...

terça-feira, setembro 27, 2005

Devo deixar o mundo?

Quero ficar sozinho Para chorar minha solidão Mas o mundo me pressiona O mundo não me deixa

segunda-feira, setembro 26, 2005

Uma companheira

Uma velha conhecida.

- Olá, minha cara! Há quanto tempo?

- A quem quer enganar, rapaz?

Quem quero enganar? Tento ignorá-la, mas ela me acompanha há muito tempo.

- Tenta mesmo? Já parou para pensar nas companhias que arruma?

Na empresa, no exército, no teatro, nenhuma intimidade. Busco companhias que me deixam só.

- Sabe o que eu acho? Você não quer ninguém, só quer a mim!

Olho de soslaio. Não quero, não. Só não consigo me livrar.

quarta-feira, setembro 21, 2005

Em conflito

Não bebo vodca, nem tequila, nem aguardente. Bebo uísque. E ontem, enfim, Ele me acompanhou numa rodada...

- Nego-Te, e me contradizes. Afirmo-Te, e me abandonas...

- Eu prefiro o meu on the rocks, não gosto de puro!

Um conflito. Um, não dois. Eu também prefiro com gelo. Pedi puro por pura autoflagelação.

- É isso, não? Não há como sair vencedor. É possível o empate?

- Não aceito. É tua vez agora!

Estou com as brancas, mas perdi a iniciativa faz tempo. É o meio de jogo, ainda não há vantagens de material para nenhum dos lados, mas vislumbro ser impossível vencer a partida. Posso deitar o rei ou forçar o empate.

Agora sim, dois conflitos.

segunda-feira, setembro 19, 2005

Prece

Ó meu Pai! Sofro. Sou dilacerado por essa chaga que me dói. Dai-me forças, Pai! Dai-me forças! Dai-me luz! Para suportar a dor, para curar a ferida, para esperar a cicatriz...

quinta-feira, setembro 15, 2005

A Dona

Sinto que a morte me acompanha de perto. Algo que eu não sentia antes. Isso porque eu buscava me afastar dela, mas na verdade me afastava apenas do medo que tenho dela. Ao me ver longe do medo, não enxergava o quanto a morte está próxima. E bem próxima...

Enquanto a gente vive, a gente morre. Gente morre. E eu também. Enquanto eu vivo, eu morro. Vou morrendo e vou vivendo... Ou vou morrendo. Viver é opção. Morrer não!

- Bom dia, minha senhora, lindo dia, não? Sempre tratei bem as damas, mesmo as prostitutas.

- Sua?

A gente tem a vida. A morte, ela nos tem.

Suicida subversivo

Suspeito que a vida não tem sentido, que não há diferença nenhuma em existir e não existir e que Deus não existe. Contudo, tenho uma bússola e tenho medo da morte.

terça-feira, setembro 13, 2005

O norte à morte

À morte, leva a estrada da vida. Ao norte, é a direção da vida. Pelo norte, é o fim da vida. Pela morte, é o caminho para Deus.

A morte ao norte

Nada do que for feito vai adiantar. Nada do que for feito vai fazer diferença. Qual a diferença, então, entre existir e não existir?

Os caminhos sempre foram múltiplos. Mas antes, minha bússola não girava enquanto fico parado.

O Norte! Onde está o Norte?

A Morte?!

segunda-feira, setembro 12, 2005

Mais uma última batalha

Relâmpago. Claridade. Trovão. Muita água despencando dos céus.

A três metros de si está seu oponente. Com as duas mãos, empunha uma montante. Encaram-se. Desembainha sua espada. O escudo no antebraço esquerdo.

Quando será a última batalha? É o que sempre se pergunta, antes de iniciar cada combate.

No passado, sentia a goela secar, o coração saltitava e a adrenalina corria todo o corpo. Havia sentido nas lutas. E queria sempre sobreviver. Hoje, parece um iceberg. O sentido é a luta em si. E não se importa se continuará de pé ao final.

Quando será a próxima? É o que sempre perguntava ao seu pai, quando findava a última peleja.

Traz da memória aqueles bons momentos. Quer tê-los na mente antes de expirar. Essa pode ser sua última batalha.

Um suspiro. E as espadas começam a se chocar...

sexta-feira, setembro 09, 2005

O cavaleiro negro

O cavalo já cavalgava a alguns dias. Não menos que três, não mais que cinco. Em seu dorso, estatelado, o cavaleiro. Estava vivo, porém ferido, e dormia. Um golpe de maça que fraturou seu braço esquerdo. Uma flecha que atingiu seu ombro direito. A espada guardada na bainha presa às costas. O escudo estilhaçado a quilômetros dali pela maça de seu último oponente que, a essa hora, era bicado por abutres.

Era soberano, não servia a nenhum senhor. Seu pai foi o único a quem deveu lealdade. Com sua morte, tornou-se um mercenário. Lutava por ouro e prata. Mas lutava pela batalha em si. "Não se pergunta por que os campos queimam ou por que uma peste se alastra, então não me pergunte por que eu luto", disse uma vez a um guerreiro.

Vivia pela luta. Vivia de luto. Era um cavaleiro só. O cavaleiro negro.

quinta-feira, setembro 08, 2005

Espaço inconstante

Hoje o tempo está constante. Outrora, acelerava e desacelerava vertiginosamente, provocando enjôos de angústia e ansiedade. Mas hoje, está constante.

Estamos eqüidistantes, mas a constância do tempo nos faz estarmos cada vez mais distantes...

E o tempo continua constante. E nossas latitudes e longitudes também. Mas deveriam estar iguais, não só constantes.

terça-feira, setembro 06, 2005

Complexo de Elektra

A mãe quer o filho. A filha quer o pai. E ele... quer Elektra!

Subvertempo

Tempo esquizofrênico! Ora é frio, ora é quente, ora é chuva, ora é sol... E agora, é ora o quê?

Três mulheres

A mulher do boi excita. Instintiva, sacia todos os seus desejos. A mulher da águia calcula. Defensiva, desconfia de todos os seus gestos. A mulher do leão inexplica. O coração acelera, as pernas tremem e o corpo se molha frio.

Existem as três, talvez queira as três, talvez tenha nenhuma.

Às letras

Chega de meta-letras! Quero as letras! Preciso das letras! A elas, enfim.

Letras purulentas

Letras de mau hálito exaladas por homem infeccionado. Letras cheia de pus que denotam a doença que corrói o espírito. Por isso que o corpo não morre. Mas sofre. Quando expele a pus, por expeli-la. Poderia ser o título disso tudo. Talvez seja...

In-pensato

In-pensato. Um projeto. Um me-desafio proposto. Letras do pensamento, impensadas. Necessidade-desejo de expressão.

A qualquer hora, em qualquer lugar - se estiver conectado - um e-mail é o meio para canalizar tais letras. Bem a calhar para tal exercício. Por isso, uma coletânea de letras. Não ousam se reclamar palavras...

No final, pode ser tudo pura hemorragia alfabética. Pura verborragia. Pode ser, não sei... Agora é.