terça-feira, janeiro 17, 2006

Dia azul marinho

O dia estava azul, continuação da noite anterior, também azul.

Mas o dia escureceu. Havia um gosto de carne mal digerida no estômago que sucedeu o encontro com fantasma nem recente e nem antigo. Ao fim da noite azul, bem após o início do mesmo dia azul, ela apareceu. Disse que estava bem, que sua barriga era fruto de muita comida, e me preparou um prato de comida.

Mas eu sabia que onde ela estava comida não dava barriga. Aliás, nada dava barriga. Fica-se do mesmo jeito sempre, ou fica-se como eu quiser. Por que então a forma de uma mulher grávida?

Na noite azul anterior eu havia encontrado uma mulher grávida. Foi isso que pensei. Mas não pensei nela. Por que ela veio então? Para me dizer algo? Só para me dizer que estava bem?

Como das outras vezes, não estava assustado. Mas como das outras vezes, estava atrasado. E talvez por isso o dia escureceu, e talvez também porque as coisas não estão bem para onde vou.

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